A Chave.

Saudou-me como uma velha amiga. Deitamos-nos na grama fofa e falamos. Falamos da vida, falamos da morte. E falamos. Quando o silêncio veio, não trouxe desconforto: chegou quente, abraçou nossos corpos e nos uniu ainda mais. Fiz menção em falar, mas a voz morreu na garganta: a palavra saiu só.  Pairou no ar por um instante para depois cair e quebrar no chão. Dei de ombros. Ele me sorriu com os olhos e minha boca beijou-lhe o rosto corado. Rimos-nos. A despedida foi lenta e baixa, um murmúrio melancólico de adeus. Seguimos cada qual o seu caminho. Deveria tê-lo dito que me era a chave mestra. Era tudo o que eu precisava.