Nós dois.

Não a morte, mas a vida encarregou-se de nos separar. Do beijo úmido e quente fizeram-se a distância e a secura das bocas. Como estranhos, sem carinhos ou toques, vemos-nos nas ruas em meio às multidões. A carência em seus olhos, o pranto sufocado em minha garganta: não havia choro, não havia vela, não havia nada senão a lembrança de outrora, do tempo bom. E isso é tudo o que ainda nos une: o retrato, os desenhos, o livro há muito esquecido em sua penteadeira.