Metalíngua.

O que me falta são palavras à boca: estão todas em minhas mãos. Muito me custa o ato de falar: pesaroso, incômodo. Acabo por tropeçar em minhas vírgulas e cair no desespero. Já não escrever. Ponho-me à mão o lápis e tudo flui sem esforço, como se eu própria não fosse necessária para tal façanha, mas mera opção do acaso. Da maneira como o vento sopra, como o rio corre, como a flor cheira, como o olho pisca, como a chuva escorre, eu escrevo. Para bem ou para mal, é esse o meu ofício.